quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Sexta de Murilo Mendes

Tudo o que te rodeia e te serve
Aumenta a facinação e o enigma.

Tuas jóias e teus perfumes
São necessários a ti e à ordem do mundo
Como o pão ao faminto.

Tudo o que faz parte de ti __ desde os teus sapatos __
Está unido ao pecado e ao prazer,
À teologia, ao sobrenatural.

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Primeiro amor



Ah, as férias estudantis...


Gozando plenamente das minhas, tenho me dedicado a valorosa tarefa de assistir a TV. Entre reality shows com nerds, remontagem de seriados dos anos 90 e entrevistas da Oprah sempre passamos pela Sessão da Tarde e seus clássicos (e clássico aqui funciona como eufemismo para não dizer filmes antiqüíssimos que são reprisados com freqüência...).


O último que me capturou foi "Meu primeiro amor"(My girl). E quem não lembra da trilha emblemática que repetia o trecho "My girl, my girl, I'm talking 'bout my girl, my girl"? A canção fofíssima do Temptations dava o tom meigo à história da "garota" que vivia as primeiras descobertas sobre o mundo adulto e, mais ainda, sobre o amor.


É um daqueles filmes a que assistimos cem vezes e nos emocionamos em todas: suspiramos com a singleza das situações e com a lembrança da inocência que um dia já tivemos.
O primeiro amor em questão no filme demora a aparecer. É confundido com a adimiração quase paternal por um professor e se mistura aos sentimentos de embaraço da pré-adolescência, quando o desejo ainda é velado e vergonhoso.
Por ironia, ele emerge da perda. Vada, a garota, percebe que ama seu melhor amigo e presencia sua estúpida e trágica morte.

A paixão atrapalhada acompanha todo a transformação por que passamos desde quando sentimos as mudanças físicas, hormonais (menstruação no caso da meninas, como mostra a obra) e psicológicas que caracterizam a fase.
E no olho do furacão aparece a atração pelo sexo oposto, que há pouco tempo era apenas motivo de irritação.
Pureza e a curiosidade se misturam para dar o tom da sensação de amar pela primeira vez. Como afirma a madrasta de Vada, não há lição que sirva para todos: no caso da paixão é preciso aprender na prática.

Não é a toa que a continuação do filme, lançada alguns anos depois, não faz jus ao original. O primeiro amor é rodeado de uma magia, um simbolismo que qualquer envolvimento posterior, por mais intenso ou duradouro que seja, nunca conseguirá se igualar.


terça-feira, 16 de dezembro de 2008

E o presente?


Não é que implique com o Natal ou tenha medo do que esteja por vir no próximo ano, nada disso...

O problema é o jeito como as pessoas correm em função das festas de fim de ano. Isso é o que incomoda!

Não entendo o porquê da correria nas lojas, da corrida para as praias.

Se o Natal era para ser uma festança em família e o Ano Novo um recomeço, por que não festejar e recomeçar com calma?

Ok, entram aí o fator dinheiro (para não dizer consumo, que soa tão piegas) e a possiblidade de fugir da rotina. Esses parecem ser os elementos que fazem a maioria das pessoas correr atrás de presentes, como se estivessem realizando tudo que não puderam durante o ano. Não amei/fui amado o suficiente? Uma nova TV ou um computador ainda mais moderno podem apagar qualquer ressaca moral pré-entrada-de-ano!

A tática deve estar funcionando, pois não faltam anúncios de tudo que pode ser vendido na TV? E assisto a todos procurando uma resposta...

Só o que sei é que como típica estudante que sou, apenas vou assistir ao espetáculo de histeria natalina, sem grandes participações, até porque dinheiro aqui está dificílimo de chegar...

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Sexta de Álvares de Azevedo

Minha desgraça

Minha desgraça, não, não é ser poeta,
Nem na terra de amor não ter eco,
E meu anjo de Deus, o meu planeta
Tratar-me como trata-se um boneco...

Não e´andar de cotovelos rotos,
Ter duro como pedra o travesseiro...
Eu sei... O mundo é um lodaçal perdido
Cujo sol (quem mo dera!) é o dinheiro...

Minha desgraça, ó cândida donzela,
O que faz que o meu peito assim blasfema
É ter para escever todo um poema,
E não ter um vintém para uma vela.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Sexta de Ricardo Silvestrin

Uma concepção leiga do amor.
Tesão
é febre,
a fúria do corpo,
pedagogia da expressão.
Previsões para hoje:
aventuras,
ofertas,
andar po aí,
abraçar e acariciar todas as pessoas.
Vida íntima:
onde termina avagina?
o que mantém úmida a vagina?
Uma relação madura e equilibrada,
o último homem,
perfil de um gigante.
Orgasmo da mulher:
a estupenda noite de catch-as-catch-can.
Frases.
Cigarro.
Sexualidade:o único pecado que existe.
Aqui pra vocês, ó!

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

A bela

Assisti a um ótimo documentário sobre Brigitte Bardot.
Além de ícone de beleza, a atriz é a perfeita representação da mudança de comportamento feminino, proposta a partir dos anos 50.
BB era corajosa o suficiente para exibir o corpo e a sensualidade. Encantava por sua forma tão natural de expor-se, o que chocava a sociedade, pudica para os padrões atuais.
Idolatrada pelo público e repudiada pela crítica, se afastou dos holofotes antes dos 40 anos.
A aversão aos seres humanos, principalmente, motivada pela perseguição da mídia e dos fãs, fez com que ela criasse identificação com os animais. E a eles passou a dedicar sua vida.
No entanto, a amargura com que interpreta a sua trajetória, mostra que a mudança de foco foi causado por traumas e decepções.
O rosto que abrilhantava filmes e motivava pessoas, hoje, não existe. Talvez o mito criado ao redor dele também nunca tenha existido.
BB fez com que me recordasse de que o conceito de felicidade pode estar do lado oposto ao de sucesso. Pelo menos daquele a que as pessoas se referem quando sonham com beleza, fortuna, fama, reconhecimento e casamentos...

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Giros





















Pareceu propícia essa do Fito para o dia!

=)


Giros

existe cielo y un estado de coma
cambia el entorno de persona en persona

Giros
dar media vuelta y ver que pasa ahi afuera
no todo el mundo tiene primavera

Flaco donde estás?
Estoy imaginándome otro lugar,
estoy juntando información,
estoy queriendo ser otro (otro tipo).
Mi necesidad se va modificando con las demás;
asi mi luna llega a vos, asi yo llego a tu luna.

Giros
todo da vueltas como una gran pelota
todo da vueltas casi ni se nota

Giros
fotografía de distintos lugares
fotográficamente tan distantes

Suena un bandoneo
parece de otro tipo pero soy yo,
que sigo caminando igual,
silvando un tango oxidado.

Giros

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Sexta "duplamente" Dele

Começo a conhecer-me. Não existo.
Sou o intervalo entre o que desejo ser e os outros me fizeram,
Ou metade desse intervalo, porque também há vida...
Sou isso, enfim...
Apague a luz, feche porta e deixe de ter barulhos de chinelos
no corredor.

Fique eu no quarto só com o grande sossego de mim mesmo.
É um universo barato.

Álvaro de Campos

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Eu, eu mesmo...
Eu, cheio de todos os cansaços
Quantos o mundo pode dar. __
Eu...
Afinal tudo, porque tudo é eu,
E até as estrelas, ao que parece,
Me saíram da algibeira para deslumbrar crianças...
Que crianças não sei...
Eu...
Imperfeito? Incógnito? Divino?
Não sei...
Eu...
Tive um passado? Sem dúvida...
Tenho um presente? Sem dúvida...
Terei um futuro? Sem dúvida...
A vida que pare de aqui a um pouco...
Mas eu, eu...
Eu sou eu,
Eu fico eu,
Eu...

Álvaro de Campos

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Barcelona

O novo filme de Woody Allen é ótimo!

Poucas vezes dei tanta risada no cinema.

Woody Allen não atua em VICKY CRISTINA BARCELONA, mas seu sarcasmo está presente em cada fala.
Javier Bardem e Penélope Cruz fazem um ex/eterno casal engraçadíssimo. Rebecca Hall está perfeita como a chatinha Vick e Johansson continua rendendo nas mãos do diretor!
E as imagens da Espanha são um arraso!

Brilhante como sempre!




quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Sexta de Tomás Antônio Gonzaga!

ENGANEI-ME, ENGANEI-ME __ PACIÊNCIA

Enganei-me, enganei-me __ paciência!
Acreditei as vozes, cri, Ormia,
que a tua singela igualaria
à tua mais que angélica aparência.

Enganei-me, enganei-me __ paciência!
Ao menos conheci que não devia
pôr nas mãos de uma externa galhardia
o prazer, o sossego e a inocência.

Enganei-me, cruel com teu semblante,
e nda me admiro de faltares,
que esse teu sexo nunca foi constante.

Mas tu perdeste mais em me enganares:
que tu não acharás um firme amante,
e eu posso de traidoras ter milhares.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008

À flamengui[x]ta!

CARIOCAS SÃO BONITOS
CARIOCAS SÃO BACANAS
CARIOCAS SÃO SACANAS
CARIOCAS SÃO DOURADOS
CARIOCAS SÃO MODERNOS
CARIOCAS SÃO ESPERTOS
CARIOCAS SÃO DIRETOS
CARIOCAS NÃO GOSTAM DE DIAS NUBLADOS

CARIOCAS NASCEM BAMBAS
CARIOCAS NASCEM CRAQUES
CARIOCAS TÊM SOTAQUE
CARIOCAS SÃO ALEGRES
CARIOCAS SÃO ATENTOS
CARIOCAS SÃO TÃO SEXYS
CARIOCAS SÃO TÃO CLAROS
CARIOCAS NÃO GOSTAM DE SINAL FECHADO

Felicidades, Bruuuuu!

sábado, 8 de novembro de 2008

Fenômeno El Obama!


Eu sei...está todo mundo dizendo, Obama é O presidente!

...com direito a inversões de maiúsculas!!!


Mas o fato é que sinto frio na barriga quando penso nisso.

Quem imaginaria que um cara com o perfil Obama seria presidente dos sisudos EUA.

Nun-ca!

Pelo menos não há 10 anos.

Pra ver como tudo realmente pode mudar, sugiro uma listinha bem pessoal de coisas que passaram pelo fenômeno El Obama:


Há + ou - 10 anos ...


Eu tinha medo de pararem a fabricação do all star (As pessoas só queriam usar Nike e ele ainda não era Nike)!

Assistia a MTV para descobrir bandas novas e/ou cantores diferentes (Pfffff...)

Tinha a premissa de só ler livros de língua portuguesa, pois achava uma traição iniciar as leituras "estrangeiras" sem conhecer o completo legado de "meus" autores (Policarpo Quaresma das letras!)...

Tentava imaginar como seria o décimo cd dos Los Hermanos (e sai um suspiro muito sentido nesse momento)

Achava o Lenny Kravitz o homem mais lindo do mundo e sonhava em casar com ele (ok, isso não mudou tanto...)


Isso dava um bom fórum, né?!

sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Sexta de AUGUSTO DOS ANJOS...

O MARTÍRIO DO ARTISTA

Arte ingrata! E conquanto, em desalento,
A órbita elipsoidal dos olhos lhe arda,
Busca exteriorizar o pensamento
Que em suas fronetais células guarda!

Tarda-lhe a Idéia! A inspiração lhe guarda!
E ei-lo a tremer, rasga o papel, violento,
Como o soldado que rasgou a farda
No desespero do último momento!

Tenta chorar e os olhos sente enxutos!...
É como o paralítico que, à míngua
Da própria voz,e na que ardente o lavra

Febre de em vão falar, com os dedos brutos
Para falar, puxa e repuxa a língua,
E não lhe vem à boca uma palavra!

AUGUSTO DOS ANJOS

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

O nu artístico

3 fatos se cruzaram nessa minha quarta-feira chuvosa: um manifesto sobre a nudez no cinema brasileiro, o filme sobre Garrincha e a chamada de um programa de TV.

O manifesto do ator Pedro Cardoso tem levantado uma discussão antiga sobe as obras brasileiras. Não raro, ouço comentários maldosos sobre nossos filmes, fazendo referência à falta de conteúdo das obras e ao excesso de nudez apresentado por elas.
A arte não pode ser contida ou moralizada.
No entanto, a arte não pode servir de alicerce para exploração. Não pode justificar a venda do corpo, nem a massificação do sexo, palavra aqui usada no seu sentido mais amplo.
O ator foi corajoso em apresentar uma opinião que pode contariar as tendências, mas que certamente se aplica em muitos casos do cinema nacional.

O filme sobre Garrincha a que assisti essa noite é mais um caso. Concentra muitas cenas de sexo, peitos, bundas, etc. Em algum momento se faz um vazio entre a emoção que se quer dar às cenas e o caráter pornográfico explicitado no filme. Ele não emociona e não excita.

A chamada de um programa líder de audiência nas tardes de sábado e tido como familiar foi ao encontro das tendências.
O programa anuncia a atração vedete da semana: mulheres de não mais de 30 anos exibem seus corpos, alguns seminus, no corcurso em que representam equipes de futebol.

Pensei se não era apenas um pretexto da produção aquela gincana na qual uniriam o prazer do futebol ao da nudez em plena tarde de sábado.
Assim como a vida do mulherengo mas, acima de tudo, craque de bola Mané Garrincha se tornou um pretexto para rodar um filme erótico.
Por esses e por outros tantos motivos, cabe discutir e respeitar a opinião de Pedro Cardoso.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Sexta de Drummond!

OS OMBROS SUPORTAM O MUNDO

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão as mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertam ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo
preferiram (os delicados) morrer
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.


Carlos Drummond de Andrade

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Sexta de Cecília Meireles!

OU ISTO OU AQUILO

Ou se tem chuva e não se tem sol
ou se tem sol e não se tem chuva!

Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!

Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.

É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo em dois lugares!

Ou guardo o dinheiro e não compro o doce,
ou compro o doce e gasto o dinheiro.

Ou isto ou aquilo: ou isto ou aquilo...
e vivo escolhendo o dia inteiro!

Não sei se brinco, não sei se estudo,
se saio correndo ou fico tranqüilo.

Mas não consegui entender ainda
qual é melhor: se é isto ou aquilo.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

hipócritasdafofoca.org.br


Hoje fiz um exercício interessante...

Reportei-me a um dos principais sítios de notícias e entretenimento do país...

Foi um exercício de paciência e excesso de disposição...

Vejamos algumas pérolas:


XYZ é mais uma famosa adepta dos selinhos em outras mulheres. Ao rever WYH, na noite desta segunda-feira, XYZ tascou-lhe um beijo. Pelo menos é o que deixa crer este registro feito no encontro que aconteceu na apresentação dos sambas-enredo das escolas de samba, no Rio. No mesmo local, o microvestido preto da loira acabou revelando mais do que devia. Ao sentar em uma cadeira, XYZ deixou a calcinha à mostra.


O nível anda baixo na família * Depois de ter dito que XYZ só sabe usar o dedo médio, o pai de WYH escreveu em seu blog que a namorada da filha não usa papel higiênico. "Eu sei mais sobre XYZ do que vocês podem imaginar", diz o pai revoltado (e surtado), que torce para que a filha se livre de XYZ. Mas o casal continua firme e forte, tanto que as duas estão procurando apartamento para morarem juntas. Xi, daddy...


Não me incomodam as notícias, o pai "surtado" ou a famosa "espoleta", nada disso me incomoda...

Me incomoda é a mensagem que pude perceber nas duas notícias, uma atitude até divertida do amantíssimo sujeito que escreveu os textos...

Na primeira nota, ele fala em alguém que se "deixou revelar mais do que deviaNa segunda, ironia ainda mais fina...o sujeito afirma estar "baixo o nível na família" tal...
Nesse instante, surge alguém nada desavisado e pergunta:

Ele também não revelou mais do que devia quando publicou?E o que podemos dizer sobre o nível do site? E o nível das informações? E o nível do jornalismo que eles pretendem fazer?


Não sei...mas às vezes parece que vivo em um mundo que está ao contrário!

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Sexta sublime de Ferreira Gullar!

Aprendizado


Do mesmo modo que te abriste à alegria

abre-te agora ao sofrimento

que é fruto dela

e seu avesso ardente.


Do mesmo modo

que da alegria foste

ao fundo

e te perdeste nela

e te achaste

nessa perda

deixa que a dor se exerça agora

sem mentiras

nem desculpas

e em tua carne vaporize

toda ilusão

que a vida só consome

o que a alimenta.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

A grande borboleta



"A grande borboleta


leve numa asa a lua


e o sol na outra


e entre as duas a seta


a grande borboleta


seja completa-


mente solta"

* Caetano Veloso


sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Sexta de Emily Dickinson!

I'm nobody! Who are You?
Are You - Nobody - too?
Then there's a pair of
us?
Don't tell! They'd advertise - You know!

How dreary - to be - Somebody!
How public - like a frog -
To tell one's name - the livelong June -
To an admiring Bog!

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Sexta de Florbela Espanca!

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar: aqui ...
além...
mais este e aquele, e outro e toda a gente...
Amar! Amar! E não
amar ninguém!

Recordar? Esquecer? Indiferente!
Prender ou
desprender? É mal? É bem?
Quem disse que se pode amar alguém
durante a
vida inteira é porque mente.

Há uma primavera em cada vida:
é
preciso cantá-la assim florida,
pois se Deus deu voz foi pra cantar.
E se
um dia hei de ser pó, cinza e nada
que seja a minha noite uma
alvorada,
que me saiba perder... pra me encontrar...

(Florbela
Espanca - 1894-1930)

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

PRIMEIRO ANDAR







Já vou?
Será?
Eu quero ver
O mundo, eu sei, não é esse lá
Por onde andar?
Eu começo por onde a estrada vai
E não culpo a cidade, o pai
Vou lá
Andar
E o que eu vou ver?
Eu sei lá
Não faz disso esse drama, essa dor
É que a sorte é preciso tirar pra ter
Perigo é eu me esconder em você
E quando eu vou voltar?
Quem vai saber?
Se alguém numa curva me convidar?
Eu vou lá
Que andar é reconhecer
Olhar
Eu preciso andar num caminho só
Vou buscar alguém que eu nem sei quem sou
Eu escrevo e te conto o que eu vi
E me mostro de lá pra você
Guarde um sonho bom pra mim


* Rodrigo Amarante

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Sexta saudosa a Caymmi!

Doralice

Doralice, eu bem que lhe
disse:
amar é tolice,
é bobagem, ilusão

Eu prefiro viver tão sozinho ao som do lamento do meu
violão

Doralice, eu bem que lhe
disse: olha essa embrulhada em que vou me
meter

Agora, amor, Doralice, meu bem,
Como é que nós vamos fazer?

Um belo dia você me surgiu, eu quis fugir mas você
insitiu

Alguma coisa bem que andava
me avisando, até parece que eu estava
adivinhando

Eu bem que não queria me
casar contigo, bem que não queria
enfrentar, esse perigo, Doralice

Agora você tem que me dizer: como é que nós vamos
fazer?


sexta-feira, 15 de agosto de 2008

A tola e o Pessoa...




Publicar um de meus poemas favoritos no
blog recém criado é desejar fervorosamente falar sobre minha paixão pelo
Fernando Pessoa.
Eu explicaria as reflexões que crio através de sua obra e as
emoções que o autor me proporciona.
Mas tenho uma crença terrível: a de que
paixões não se explicam.
Inclusive, acredito que a cada tentativa de
explicação elas se tornam menos críveis.
As minhas paixões são irracionais e
irreais, por excelência.
Não constam em cartas, em documentos... dificilmente
se tornam matéria.
São frutos de uma imaginação fértil.
Infinitamente
platônicas.
Importa-me, como estudiosa, a vida de Fernando Pessoa e as
críticas a sua obra.
Como apaixonada, isso pouco importa.
Importa o
que sinto quando leio cada letra que ele escreve.
E como todas fazem sentido,
sem qualquer explicação racional.
É paixão imatura... fulminante!

Como todas deviam ser.

Sexta PESSOANA!!!

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas,afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

TEMPO X LEITURAS


Existe fórmula, antídoto ou solução simples para a acumulação de leituras?
Acho que não.
As publicações são inúmeras e o desejo de ler, intenso.
Somados aos clássicos ainda não lidos, chegamos a um número infinito de livros inéditos.
E as REleituras?
Essas também são essenciais, apesar de muitas vezes termos de deixá-las de lado.
Olhamos a estante e sentimos angústia pelos livros adquiridos e, de certa forma, ignorados.
Visitamos bibliotecas e temos vontade de pernoitar em cada seção.
Nas livrarias, pouco ou muito dinheiro são sempre pouco (e isso que nem entramos no quesito preço...).
Penso se existe alguma profissão, algum estrato social que possibilite ao indivíduo tempo hábil para ler todos os livros que deseja.
Se existe, invejo. É bom que desconheço...
O fato é que não desistimos.
Nunca.
O leitor é objeto direto do verbo amar a leitura.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Ode feminista!




Confesso nunca ter sido uma fã escancarada de Dercy
Gonçalves. Tampouco, sou dada a homenagens póstumas, por sempre ver um pouco de
hipocrisia na maneira como elas são feitas, mas tenho de considerar a perda da
atriz.
Dona de um talento nato para o humorismo, Dercy iniciou a carreira no
final dos anos 20 como cantora; no entanto, o talento e a versatilidade latentes
fizeram com que ela, já nos anos 50, se tornasse uma das estrelas da TV
Excelsior.
Nos anos 60, Dercy dá um salto em sua carreira quando abandona a
dramaturgia e passa a fazer shows, que em sua maioria eram roteirizados e
dirigidos pela própria atriz. O sucesso nos palcos faz com que ela atinja status
de apresentadora, nas décadas seguintes, são recorrentes as participações em
quadros e novelas cujas personagens eram criadas especificamente para ela.Dercy
chegou a apresentar programas aos moldes dos talkshows, com muito sucesso,
todavia nem o seu deboche escapou aos talhos da ditadura.
O uso
indiscriminado de palavrões, sua marca registrada, fez dela um dos maiores
ícones do escracho na televisão brasileira
Dercy foi atriz em uma época em
que artistas eram consideradas prostitutas, falava palavrões em rede nacional sem
qualquer receio, tinha um comportamento excêntrico, que contradizia os valores
atribuídos a mulheres e idosos, como bestialidade para o primeiro grupo e
fragilidade para o segundo. Logo, tinha tudo para ser desrespeitada e
ridicularizada, como por vezes o foi, mas conseguia fazer humor de si mesma e de
suas bizarrices, fazendo com que nos identificássemos com sua sinceridade e
atrevimento.
Mais do que tudo, Dercy Golçalves mostrou que o talento e a arte
subvertem todo tipo de paradigma.

Sexta de QUINTANA!

DEGRAUS
Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não subas aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco esse nosso mundo...
MÁRIO QUINTANA

domingo, 20 de julho de 2008

Sobre aqueles que a gente guarda do lado esquerdo...




A data é mais uma dessas emblemáticas, tipo Dia das Mães:


20 de julho, Dia do Amigo.


Mas como enquadraríamos a criatura a ser parabenizada na data?

Seriam todos os contatos da minha conta de e-mail? Toda a vizinhança? Todos os seguranças das festas a que freqüento?

Creio que não!

Talvez fossem poucos...

Nenhum???

Toda a gente sabe que não é fácil estabelecer laços de amizade...Por vezes, pode ser mais complexo do que manter um casamento.

Almejamos comprometimento, fidelidade, dedicação, sinceridade... até posteridade eu colocaria na minha listinha-amigo-perfeito.

Mas esse amigo idealizado seria compatível com a realidade?
Seria possível honrar a amizade de alguém tão perfeito?
Essas são as questões que perpassam o meu dia do amigo, esse com letra minúscula mesmo, aquele que pode ser todos os dias.