domingo, 1 de novembro de 2009

Bovarista

Finalmente terminei a mudança!

Uni-vos, Bovaristas!

http://bovaristas.blogspot.com/

quinta-feira, 30 de julho de 2009

O bom filho...

Após meses de tormenta e alopração, Trevo retorna mais atrevida do que nunca.
Agora nossos visitantes aparecerão durante um mês. Serão trinta (arredondando) dias de contemplação e tentação. Explico: mais do que a um poema, desejo incitar à busca de uma alma literária.
Se chegarmos a algum lugar, céu. Se não, pro inferno.

Para começar bem, Emily Dickinson, minha musa.

Nascida em 1830, em Amherst - espécie de fim-de-mundo de Massachussets, nos EUA -, compôs seus primeiros poemas ainda adolescente, embora tivesse aspirações poéticas desde muito cedo. Viria a falecer 56 anos mais tarde, ainda vivendo nessa cidade.

Na tenra idade para casar-se e tornar-se uma boa esposa, decidiu trancafiar-se na casa de seus pais para produzir o que seres humanos com juízo consideram ser um dos trabalhos mais sublimes da poesia universal.

Versos "perdidos", estrofes desalinhadas, pontuação insólita e palavras aglomeradas foram parte do espanto que causou em seus críticos. Como era de se imaginar, sua poesia lacônica e inventiva não foi compreendida em seu tempo.
Mas chegou a estar em voga nos anos 60, quando ganhou o prestígio que sustanta até hoje.

Vai um trecho de "The soul selects her own society" para aguçar a curiosidade:

"The soul selects her own society,
Then shuts the door;
On her divine majority
Obtrude no more."

"A alma define sua própria sociedade.
E avança para seus portões;
Quando chega à sonhada maturidade,
Basta de imposições."
(tradução livre e porca, gente sem talento não é brasa...)


sexta-feira, 8 de maio de 2009

Sexta de Bruna Ross

Poesia & Prosa

É a poesia
do seu andar moreno,
que deixa a loira
toda prosa.

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Sexta de AUGUSTO DOS ANJOS

Vandalismo

Meu coração tem catedrais imensas
Templos de priscas e longínquas datas,
Onde um nume de amor, em serenatas,
Canta a aleluia virginal das crenças.

Na olgiva fúlgida e nas colunatas
Vertem lustrais irradiações intensas
Cintilações de lâmpadas suspensas
E ametistas e os florões e as pratas.

Com os velhos Templários medievais
Entrei um dia nessas catedrais
E nesses templos claros e risonhos...

E erguendo os gládios e brandindo as hastas,
No desespero dos iconoclastas
Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!

Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos
(Engenho Pau D'Arco (PB) 1884 - Leopoldina (MG) 1914)
In: "Clássicos da Poesia Brasileira", Klick Editora, 1997.

Augusto dos Anjos _ se me permitem o trocadilho tolo _ nada tem de angelical. A
poesia dessa "singularíssima pessoa" é o retrato de um
indivíduo atormentado diante do contexto de revolução industrial tardia
que anunciava ares de progresso ao Brasil.
Esse Boca Maldita da
escatologia_lide Gregório de Matos Guerra, da sacanagem e do desprezo às
instituições_, era capaz de trazer questionamentos sobre cientificismo,
individualimo, materialismo e todos os ismos que tornam o homem moderno menos
humano e mais máquina.
De engenhosa poesia, contraria o nome porque é
diabolicamente um poeta dos bons.

Na rede:
http://www.memorialaugustodosanjos.com/poesias.html

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Sexta de Camões

De amor escrevo, de amor trato e vivo;
De amor me nasce amar sem ser amado;
De tudo se descuida o meu cuidado,
Quanto não seja ser de amor cativo;

De amor que a lugar alto vôe altivo,
E funde a glória sua em ser ousado;
Que se veja melhor purificado
No imenso respelendor de um raio esquivo.

Mas ai que tanto amor só pena alcança!
Mais constante ela, e ele mais constante,
De seu triunfo cada qual só trata.

Nada, enfim, me proveita; que a esperança,
Se anima alguma vez a um triste amante,
Ao perto vivifica, ao longe mata.


Luis Vaz de Camões 1524/25 - 1580

In: 200 sonetos, editado pela L&PM, 1988.


Sexta dedicada à
poetisa Bruna Ross, que me presenteou com um livro deste mestre dos sonetos, e ao
amor, que, mesmo quando não correspondido, movimenta o que há de mais belo e
espontâneo no mundo.


Na rede: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ResultadoPesquisaObraForm.do

domingo, 5 de abril de 2009

Domingo de Chico Buarque


Trevo retorna do mundo da lua (ou, pelo menos, tenta...)!


Chico Buarque de Hollanda já se definiu seresteiro, poeta e cantor
(Literatura Comentada, 1980).
Nessa semana, a faceta
prosador do artista voltou à cena com o lançamento do romance
Leite
Derramado
(título já criticado pelo mestre Rubem Fonseca). Enquanto não
apreciamos a obra(já reverenciada pelo mestre Luís Augusto Fischer), ou torcemos
o nariz para ela, vamos de canção!


Construção

Amou daquela vez como se fosse a última
Beijou sua mulher como se fosse a última
E cada filho seu como se fosse o único
E atravessou a rua com seu passo tímido
Subiu a construção como se fosse máquina
Ergueu no patamar quatro paredes sólidas
Tijolo com tijolo num desenho mágico
Seus olhos embotados de cimento e lágrima
Sentou pra descansar como se fosse sábado
Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe
Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago
Dançou e gargalhou como se ouvisse música
E tropeçou no céu como se fosse um bêbado
E flutuou no ar como se fosse um pássaro
E se acabou no chão feito um pacote flácido
Agonizou no meio do passeio público
Morreu na contramão atrapalhando o tráfego

Amou daquela vez como se fosse o último
Beijou sua mulher como se fosse a única
E cada filho como se fosse o pródigo
E atravessou a rua com seu passo bêbado
Subiu a construção como se fosse sólido
Ergueu no patamar quatro paredes mágicas
Tijolo com tijolo num desenho lógico
Seus olhos embotados de cimento e tráfego
Sentou pra descansar como se fosse um príncipe
Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo
Bebeu e soluçou como se fosse máquina
Dançou e gargalhou como se fosse o próximo
E tropeçou no céu como se ouvisse música
E flutuou no ar como se fosse sábado
E se acabou no chão feito um pacote tímido
Agonizou no meio do passeio náufrago
Morreu na contramão atrapalhando o público

Amou daquela vez como se fosse máquina
Beijou sua mulher como se fosse lógico
Ergueu no patamar quatro paredes flácidas
Sentou pra descansar como se fosse um pássaro
E flutuou no ar como se fosse um príncipe
E se acabou no chão feito um pacote bêbado
Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado

sexta-feira, 13 de março de 2009

Sexta de Dennis Radünz

A arte de ser feliz

Diante da minha janela corre o cosmo - espanta-me que exista tamanha grandeza dentro da esquadria de alumínio e vidro, aqui, porque o cosmo principia no exato lugar em que se o alcança. Distraidamente, a olhos vistos, a eternidade dos espaços infinitos principia na janela, diante de uma xícara de café que se evapora e, também, da cidade que se derrama no planeta como se fosse uma folha de papel-volátil. Tudo isso me felicita. Porque, no Grego, kósmos significa ordem e também beleza, de onde deriva o vocábulo cosmético. Posso dizer que toda essa beleza está em ordem.
Da minha janela avisto o mundo, sobre-humano, que não me faz senti-lo muito maior do que a pequena chaminé poucos metros abaixo do meu quarto andar. Chaminé envolta pela rabiola duma pipa que, como a cauda dum corpo cadente, veio abraçar a torre tênue de tijolo e argamassa. Rabiola que se perdeu em torno dos tijolos, planta parasita, mas que é, também, o abraço que tem faltado a tantos. Chaminé com pandorga em volta, decididamente, me felicita. Da janela, observo também o terreno baldio, na esquadria de muros sem reboco, com a sua mata desarvorada. Se os deuses continuarem existindo, nenhum edifício irá brotar desse lugar que é coberto, de lado a lado, pelo pio amarelo de um canário canoro. Uns artefatos sem uso - tábua de lavar roupa, cinza de fogueira, cavalo pastando capins maduros - compõem esse mínimo universo em que costuma cavoucar o homem velho com o cachorro. Eles conversam, sozinhos, achando que o infinito começa, por exemplo, no silêncio vizinho. Isso os felicita.
Da mesma janela, adivinho o ribeirão subterrâneo, carregado em segredo por debaixo das lajes da servidão (que é um outro nome para beco), descido desde o Morro do Horácio, enquanto, sem que se saiba, um alevino sobrevivido corre na direção da água salobra. Mais adiante, o próprio mar, morno, se evapora na mesma direção dos ventos fracos (na concepção de um ciclone novo?) e um helicóptero da polícia corta a maresia ao meio. Tudo isso existe no cosmo afora da janela.
Janela de uma felicidade puérpera - como não dizer que eu e Colombina observávamos, daqui, não necessariamente vestidos, o cosmo? Dessa mesma janela de onde vejo um papel pousar (um papel-pólen que se deita no vazio), com um nome nele escrito, um nome que alguém perdeu e outro alguém irá achar, e, por causa disso, uma felicidade nova me envelopa e a mim se endereça, porque sei que o destino será outro e, olhos nos olhos, a remetente e o destinatário irão pensar que o mundo nasceu de novo, só por causa do seu encontro amoroso. Isso ainda me felicita.
Na janela, as situações mais corriqueiras alegram - o gole de iogurte, um aceno, uma chuva que veio, depois saiu. E é nessa mesma janela que exercito contemplar o mundo com olhos baços - hipermétrope de nascença, sem óculos, observo o cosmo se confundir por detrás das figuras de luz, como se tudo o que é sólido evolasse, deixando em seu lugar somente o leve aroma da sua ausência, como a linha de luzes do Continente que desaparece. Resta a felicidade que nasce ao descobrir-se que as coisas não são somente a sua fisionomia.
Mas, são tantas essa mesma e única janela que quase me esquecia de ser feliz por dentro. Dou então as costas ao cosmo e, dentro de casa, diante do mundo, a balbúrdia de livros contém nenhuma beleza aparente. Isso também me felicita, porque recordo o pré-socrático Heráclito de Éfeso: "o mais belo dos mundos é qual uma pilha de detritos amontoados ao acaso". E o cosmo me esquece, atarefado que está com o seu trânsito de buracos negros e de nebulosas.
Sinto apenas uma curiosidade: diante da janela, a menos de mil metros, na Polícia Federal, vive Fernandinho Beira-Mar 1 - não sei se, dali, ele pode avistar o cosmo; não sei de sua salga de lágrimas; não sei de suas alegrias íntimas. Mas sinto que ele, eu, todos, temos o destino do tamanho de nossa arte de extrair felicidade de um nada, ou de dentro, ou do cosmo.


- Nascido em Blumenau, Denis Radünz possui uma série de publicaçãoes, entre traduções de poemas infantis do escritor alemão Fritz Müller (1822-1897) a criações de sua autoria, a exemplo do livro Extraviário (Joinville: Letradágua, 2006). Coordena a editora Nauemblu e é cronista no jornal Diário Catarinense.
É considerado um poeta refinando, com domínio singular de sua língua. A metafísica e a finitude são questões perenes em sua poética. No poema citado, observa-se outra faceta do poeta: as expeirmentações na forma. O poema aqui é conteúdo e instrumento.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Sexta de Laura Esteves

INCONSTANTE

Dia sim, acordo alegre,
cuido o jardim e o passarinho.
Dia não, com muita raiva
eu chuto o cão, xingo o vizinho.

Dia sim, feliz da vida,
passo carmim, vou pra varanda.
Dia não, bem deprimida,
deito no chão,tudo desanda.

Dia sim, mulher prendada,
faço um quindim, convido amiga.
Dia não,viro bandida,
arma na mão, navalha na liga.

Dia sim?
transo com todo mundo.
Dia não?
também e a todo instante.

É que em matéria de sacanagem
eu já sou bem mais constante.



Nascida no Rio de Janeiro, Laura Esteves faz parte do grupo Poesia Simplesmente, que organiza o Festival Carioca de Poesia. Em dezembro do ano passado, teve seu trabalho saudado pelo
Sindicato dos Escritores do Estado do Rio De Janeiro, através do Trféu Aimberê - Destaque Cultural do Ano. Poetisa que caminha com tranquilidade da poesia às crônicas de reminiscências.

Mais em:
http://psimplesmente.blogspot.com/
oglobo.globo.com/blogs/prosa/post.asp?cod_post=48036 - 45k -

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Sexta de Raul de Leoni

Raul de Leoni (1895 - 1926)

Ironia! Ironia!
Minha consolação! Minha filosofia!
Imponderável máscara discreta
Dessa infinita dúvida secreta
Que é a tragédia recôndita do ser!
Muita gente não te há de compreender
E dirá que és renúncia e covardia!
Ironia! Ironia!
És a minha atitude comovida:
O amor-próprio do Espírito, sorrindo!
O pudor da Razão diante da Vida!


- Comemorado na Semana de 22 pela publicação do livro de poesias Luz Mediterrânea, Raul de Leoni é negligenciado pela crítica nos anos seguintes. Sobre ele, disse Carlos Drummond de Andrade:

"É um poeta diferente, de expressão muito cuidada e elegante, mas
não se confunde com os cultores do parnasianismo em agonia. O
modernismo ainda não surgira; o simbolismo já não dava mais frutos.
É um espírito imbuído de pensamento clássico, a que acrescenta
um desencanto moderno, no sentido filosófico. Esse poeta não fará
escola: demasiado civilizado, sua aristocracia natural há de marcá-lo
e isolá-lo."

Para saber mais:
http://www.rauldeleoni.org/Raul%20de%20Leoni.html

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Sexta concreta

PÓS-SONETO, de Augusto de Campos

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A poetisa das femininas e feministas

GILKA MACHADO (Rio de Janeiro -1893 - 1980)


Volúpia

Tenho-te, do meu sangue alongada nos veios,
à tua sensação me alheio a todo o ambiente;
os meus versos estão completamente cheios
do teu veneno forte, invencível e fluente.

Por te trazer em mim, adquiri-os, tomei-os,
o teu modo sutil, o teu gesto indolente.
Por te trazer em mim moldei-me aos teus coleios,
minha íntima, nervosa e rúbida serpente.

Teu veneno letal torna-me os olhos baços,
e a alma pura que trago e que te repudia,
inutilmente anseia esquivar-se aos teus laços.

Teu veneno letal torna-me o corpo langue,
numa circulação longa, lenta, macia,
a subir e a descer, no curso do meu sangue.









Pintura de Claude Monet
"Madame Monet and her son" (1875)



sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Flávio Luis Ferrarini

BOBAGENS

Pé-de-galinha dá em velho
Espinha dá em adolescente
Pneu dá em baranga
Verruga dá em parente
Moscão dá na sujeira
Essas bobagens dá na gente

http://www.flavioluisferrarini.com.br/int_outros.php?id=2&tipo=2

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Sexta de William Blake (1757-1827)

A poison tree

I was angry with my friend:
I told my wrath, my wrath did end.
I was angry with my foe:
I told it not, my wrath did grow.

And I water'd it in fears,
Night & morning with my tears;
And I sunned it with smiles,
And with soft deceifull wiles.

And it grew both day and night,
Till it bore and apple bright.
And y foe behed it shine
And e knew that it was mine,

And into my garden stole,
When the night had veil'd the pole;
In the morning gladI see
My foe outstretch'd beneath the tree.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Antonio Carlos Secchin

Sagitário

Evite excessos na quarta-feira,
modere a voz, a gula, a ira.
Saturno conjugado a Vênus
abre portas de entrada
e armadilhas de saída.
Evite apostar em si, mas, se quiser,
jogue a ficha em número
próximo do zero. Evite acordar
o incêndio implícito de cada fósforo.
E quando nada mais tiver a evitar
evite todos os horóscopos.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Dá pra ser ou tá difícil?


Ando sem assunto...

É, estou meio "desinteressante". Esse é o motivo de o blog estar sobrevivendo às custas dos queridos poetas que nos visitam aqui às sextas.

O caso é que quando penso em escrever sobre isso, isso e todo o resto somem da minha cabeça assim que começo a escrever.

Não que eu escreva sobre assuntos complexos ou que estes exijam muito de minha imaginação, mas, às vezes, até o trivial é um desafio.

Obama, Prêmio Framboesa, SPFW (e sua eterna Gisele): nada me trouxe a motivação.

E eis que estou aqui, escrevendo sobre nada.

Bem, agora sabem que estou viva e que o blog vai continuar se alimentando do patrimônio intelectual alheio durante as minhas férias forçadas.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Sexta de Bocage

MEU SER EVAPOREI NA LIDA INSANA

Manuel Maria du Bocage (1975-1805)

Meu ser evaporei na lida insana
do tropel das paixões que me arrastava;
ah! cego eu cria, ah! mísero eu sonhava
em mim quase imortal a essência humana!

De que inúmeros sóis a mente ufana
existência falaz me não dourava!
Mas eis sucumbe a natureza escrava
ao mal, que a vida em sua origem dana.

Prazeres, sócios meus e meus tiranos,
esta alma, que sedenta em si não coube,
no abismo vos subiu dos desenganos.

Deus! ó Deus! quando a morte a luz me roube,
ganhe um momento o que perderam anos.
Saiba morrer o que viver não soube.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Sexta de Lord Byron (1788-1824)

She walks in beauty

She walks in beauty, like the night
Of cloudless climes and starry skies;
And all that’s best of dark and bright
Meet in her aspect and her eyes;
Thus mellowed to that tender light
Which heaven to gaudy day denies.

One shade the more, one ray the less,
Had half impaired the nameless grace
Which waves in every raven tress,
Or softly lightens o’er her face;
Where thoughts serenely sweet express,
How pure, how dear their dwelling-place.

And on that cheek, and o’er that brow,
So soft, so calm, yet eloquent,
The smiles that win, the tints that glow,
But tell of days in goodness spent,
A mind at peace with all below,
A heart whose love is innocent!

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

1 entre 1001 posts para ler antes de morrer


Ainda mergulhada no clima de ano novo, caí na armadilha de ler um best seller sobre música! Estive debruçada sobre um livro chamado "1001 discos para ouvir antes de morrer", que faz um apanhado de meio século de lançamentos na música. A proposta parece pretensiosa, mas, se encarada como diversão, rende bons momentos a qualquer memória musical.

Dos anos 50 a 2004, aparecem clássicos para todos os gostos: "War", "Nevermind" e até "Baby, one more time"(sim, ela...). Escolhas óbvias (Beatles), inesperadas (Hole) e discutíveis (espia lá http://www.rocklistmusic.co.uk/steveparker/1001albums.htm) estão contidas nas resenhas de críticos da revista Rolling Stone, entre ilustrações de capas dos discos. Alguns artistas são citados mais de uma uma vez em uma década; outros permanecem em quase todas; muitos são ignorados.

No embalo das listas, foram também lançados "1001 filmes para ver antes de morrer", "1001 livros para ler ...", "1001 lugares para conhecer ..." e o indecente "1001 vinhos para beber ...".

Para quem não sabe por onde começar, as obras citadas dão um roteiro para aproveitar da melhor forma o que há de mais prazeroso na vida. Podem oferecer uma imersão no tema, aquecer a memória ou provocar curiosidade. Mas, certamente, não são a palavra final a respeito do que abordam. Afinal, quem melhor do que nós mesmos para estabelecer o quer devemos apreciar durante uma vida?

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Viernes con Drexler

Mal intento
Jorge Drexler

Mi canto no es más que un mal intento
De alejarte un instante
de mi pensamiento

Pasan los meses
Como pasa el rumor de un río
Cambian la estaciones
Y no se me pasa el frío
Sigo esperando
Encontrar una manera
De acostrumbrarme a esta casa
En la que nadie me espera

Si dejaras entrar un rayo de luz
Y sintieras tan solo una vez
Lo que yo siento
Sabrías que
Mi canto no es más que un mal intento
De alejarte un instante
de mi pensamiento
Y fuimos por unos meses
Dos ingredientes de una receta
Fuimos dos flores distintas en una misma maceta
Y todo tiene su tiempo
Tanto lo dulce como lo amargo
No hay pena ni gloria
Que un día no pase de largo

Si dejaras entrar un rayo de luz
Y sintieras tan solo una vez
Lo que yo siento
Sabrías que
Mi canto no es más que un mal intento
De alejarte un instante
de mi pensamiento

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Drummond para reverenciar 2009! *2


RECEITA DE ANO NOVO



Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,

liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.