sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Sexta de Álvares de Azevedo

Minha desgraça

Minha desgraça, não, não é ser poeta,
Nem na terra de amor não ter eco,
E meu anjo de Deus, o meu planeta
Tratar-me como trata-se um boneco...

Não e´andar de cotovelos rotos,
Ter duro como pedra o travesseiro...
Eu sei... O mundo é um lodaçal perdido
Cujo sol (quem mo dera!) é o dinheiro...

Minha desgraça, ó cândida donzela,
O que faz que o meu peito assim blasfema
É ter para escever todo um poema,
E não ter um vintém para uma vela.

Nenhum comentário: