De amor me nasce amar sem ser amado;
De tudo se descuida o meu cuidado,
Quanto não seja ser de amor cativo;
De amor que a lugar alto vôe altivo,
E funde a glória sua em ser ousado;
Que se veja melhor purificado
No imenso respelendor de um raio esquivo.
Mas ai que tanto amor só pena alcança!
Mais constante ela, e ele mais constante,
De seu triunfo cada qual só trata.
Nada, enfim, me proveita; que a esperança,
Se anima alguma vez a um triste amante,
Ao perto vivifica, ao longe mata.
Luis Vaz de Camões 1524/25 - 1580
In: 200 sonetos, editado pela L&PM, 1988.
Sexta dedicada à
poetisa Bruna Ross, que me presenteou com um livro deste mestre dos sonetos, e ao
amor, que, mesmo quando não correspondido, movimenta o que há de mais belo e
espontâneo no mundo.
Na rede: http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/ResultadoPesquisaObraForm.do
Um comentário:
Ai, que lindo, FÊ! =)
Obrigada!
É o amor...hihihih
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