Meu coração tem catedrais imensas
Templos de priscas e longínquas datas,
Onde um nume de amor, em serenatas,
Canta a aleluia virginal das crenças.
Na olgiva fúlgida e nas colunatas
Vertem lustrais irradiações intensas
Cintilações de lâmpadas suspensas
E ametistas e os florões e as pratas.
Com os velhos Templários medievais
Entrei um dia nessas catedrais
E nesses templos claros e risonhos...
E erguendo os gládios e brandindo as hastas,
No desespero dos iconoclastas
Quebrei a imagem dos meus próprios sonhos!
Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos
(Engenho Pau D'Arco (PB) 1884 - Leopoldina (MG) 1914)
In: "Clássicos da Poesia Brasileira", Klick Editora, 1997.
Augusto dos Anjos _ se me permitem o trocadilho tolo _ nada tem de angelical. A
poesia dessa "singularíssima pessoa" é o retrato de um
indivíduo atormentado diante do contexto de revolução industrial tardia
que anunciava ares de progresso ao Brasil.
Esse Boca Maldita da
escatologia_lide Gregório de Matos Guerra, da sacanagem e do desprezo às
instituições_, era capaz de trazer questionamentos sobre cientificismo,
individualimo, materialismo e todos os ismos que tornam o homem moderno menos
humano e mais máquina.
De engenhosa poesia, contraria o nome porque é
diabolicamente um poeta dos bons.
Na rede: http://www.memorialaugustodosanjos.com/poesias.html
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