MEU SER EVAPOREI NA LIDA INSANA
Manuel Maria du Bocage (1975-1805)
Meu ser evaporei na lida insana
do tropel das paixões que me arrastava;
ah! cego eu cria, ah! mísero eu sonhava
em mim quase imortal a essência humana!
De que inúmeros sóis a mente ufana
existência falaz me não dourava!
Mas eis sucumbe a natureza escrava
ao mal, que a vida em sua origem dana.
Prazeres, sócios meus e meus tiranos,
esta alma, que sedenta em si não coube,
no abismo vos subiu dos desenganos.
Deus! ó Deus! quando a morte a luz me roube,
ganhe um momento o que perderam anos.
Saiba morrer o que viver não soube.
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
Sexta de Bocage
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